DESENVOLVIMENTO
ESCALA METROPOLITANA
Para compreender melhor a inserção da área de estudo, foram realizados levantamentos em 3 diferentes escalas, sendo a primeira a escala metropolitana, na qual é possível analisar as grandes linhas de força e as características geográficas, como o relevo, vegetação e os recursos hídricos; que atravessam e influenciam a ocupação da região do Jaraguá. Portanto, as propostas do plano urbano levam em consideração as características territoriais constatas em todas as escalas, uma vez que o Jaraguá está presente em um sistema local, regional e, até mesmo, nacional.
ESCALA REGIONAL
A escala regional busca analisar as grandes estruturas e equipamentos que conformam o território em uma escala mais próxima da área de estudo, traçando uma metodologia de aproximação e conhecimento da área. Nesta escala, tem-se a localização dos principais rios, importantes fatores para o desenvolvimento dos aglomerados urbanos e, assim, da região.
Além disso, é possível compreender as relações de mobilidade urbana e a organização dos grandes equipamentos de abrangência
regional, explicitando a importância do distrito Jaraguá no contexto.
Sendo possível análisar a intensa presença de equipamentos econômicos de grande porte que exploram os recursos naturais, gerando impacto ao meio ambiente. Alguns exemplos são as pedreiras, aterros sanitários e aterros de resíduos da construção civil e grandes indústrias.
Outra questão essencial para compreensão do território é a presença da linha férrea e de vias de grande porte, sendo em sua maioria de classe zero (Rod. Anhanguera, Bandeirantes e Rodoanel - demarcado, também, na linha laranja tracejada, o trecho Norte com previsão de término em 2020. A existência dessas vias possui extrema importância para conexão do território paulista e brasileiro, funcionando como grandes corredores econômicos que, apesar da importância econômica na escala regional e nacional, funcionam como grandes barreiras físicas na escala local, fragmentando a malha urbana do distrito do Jaraguá.
ESCALA DO DISTRITO
Na escala do distrito do Jaraguá, a última escala de análise, é possível compreender como as grandes estruturas metropolitanas
influenciam o desenho urbano e a distribuição dos equipamentos na escala local, podendo reafirmar a questão da fragmentação do território e os vetores de pressão urbana que ordenam o crescimento da cidade.
A proximidade com a área de estudo torna as análises mais específicas e minuciosas, e, a partir da conclusão delas, direcionam para um recorte de intervenção coerente que explicitam as potencialidades e conflitos existentes.
QUESTÃO INDÍGENA E FRAGMENTAÇÃO DO TERRITÓRIO
A Terra Indígena (T.I.) Jaraguá localiza-se dentro do Parque Estadual do Jaraguá e, devido à fragmentação das grandes áreas verdes por conta do tecido urbano e das grandes estruturas viárias, os índios guarani acabam isolados apenas na área do parque. Considerada a menor Terra Indígena da América Latina, a T.I. Jaraguá conta com uma área de 1,7 hectares e é composta por 6 aldeias, sendo elas a Tekoá Pyau, Tekoá Itapuke, Tekoá Ita Wera, Tekoá Ita Endy, Tekoá Yvy Porã e a Tekoá Ytu, possui uma média de 800 indígenas atualmente. Em maio de 2015, o ministro José Eduardo Cardozo aprovou a extensão da área demarcada do povo Guarani para 532 hectares, garantindo uma ocupação segura para as aldeias, porém a demarcação foi cancelada em 2017, pelo ministro da justiça Torquato Jardim, alegando um conflito de interesses sobre uma área de preservação.
As grandes estruturas viárias também fragmentam a natureza na relação da conexão da fauna e flora e geram impactos na malha urbana, uma vez que as vias cortam longitudinalmente a região e tornam-se barreiras. Em decorrência a um estudo mais minucioso, é possível notar a escassez de conexões e transposições que contempam não apenas veículos, mas também pedestres e ciclistas. Tornando a Estrada Turística do Jaraguá e a Estrada de Taipas essenciais na região do Jaraguá por vencerem as barreiras e conectarem o território transversalmente e, portanto, comportam-se como vias estruturadoras e de grande fluxo.
Imagem: TEKOA ITAKUPÉ | Thiago carvalho wera'i